Chalé do Leonardo

Moradores caminham pela rua do antigo Beco do Fruta-pão em frente ao casarão conhecido pela população local como “Chalé do Leonardo”. Por ser uma típica casa popular, esse sobrado passaria despercebido se não fosse sua importância como fato urbano. Acredita-se que esta casa, caracterizada também pelo seu porão elevado do solo, seria uma benfeitoria remanescente da fazenda Porto dos Diamantes, que emprestava seu nome ao assentamento seminal, cujo território deu origem à implantação do aldeamento de Meia Pataca em 1822 – futuro arraial do Meia Pataca em 1928 – depois município de Cataguases em 1875.

Os sobrados surgem como as edificações mais características da nossa arquitetura civil a partir do século XVII. Por sobrado entende-se a edificação que possuía um espaço sobrado ou ganho devido a um soalho suspenso do solo. Habitar um sobrado significava riqueza e habitar casa de chão batido caracterizava pobreza. Com o passar dos anos, o “Chalé do Leonardo” foi sendo incorporado ao incipiente tecido urbano e a partir dele, outras unidades foram sendo implantadas nos terrenos estreitos e profundos, ocupando-os em toda a largura a partir do alinhamento da rua, sem qualquer tipo de afastamento lateral ou recuo frontal.

Estas novas moradias foram sendo edificadas aproveitando as paredes laterais uma após a outra. Os volumes, as proporções e o ritmo dos vãos, janelas e portas eram equilibrados harmonicamente por guardarem semelhanças entre si. Por ocuparem toda a testada do lote, estas construções possuíam cobertura em duas águas, com cumeeira paralela à fachada, recobertas com telhas de barro do tipo capa canal, cujos beirais lançavam as águas das chuvas diretamente sobre a rua. Na composição das fachadas caiadas de branco, predominavam as paredes com poucas janelas e muitas das vezes somente uma porta no meio do vão, como na tradição das casas luso-açorianas.

Data: Década 70 - Século XX

Acervo: Henrique Frade

Fotógrafo: Desconhecido